quinta-feira, 19 de março de 2015

Os meninos da Fórmula 1

Nos últimos meses, muito se falou a respeito do jovem Max Verstappen - nascido em Hasselt, na Bélgica, mas naturalizado como holandês -, desde que seu nome foi confirmado como um dos pilotos titulares da Toro Rosso nesta temporada, ao lado do espanhol e também estreante Carlos Sainz. O motivo, como já se sabe, está no fato de ele ser o mais jovem piloto da história da Fórmula 1 a disputar um Grande Prêmio, na Austrália, no último domingo, tendo apenas 17 anos, cinco meses e 15 dias de idade.

O gosto pelas corridas veio naturalmente, tendo origem na própria família, por influência do pai, da mãe, do tio e do avô, todos pilotos. Seu pai, Jos, é um velho conhecido entre os fãs da Fórmula 1, tendo disputado oito temporadas, entre 1994 e 2002, pelas equipes Benetton, Simtek, Footwork, Tyrrell, Stewart, Arrows e Minardi. A mãe, Sophie Kumpen, disputou várias provas de kart. O tio, Anthony Kumpen, correu de FIA GT e também nas 24 Horas de Le Mans, enquanto seu avô, Paul Kumpen, competiu em provas de endurance. Até sua irmã, Victoria, também foi pega pelo bichinho da velocidade e hoje vem despontando em competições de kart.

Talento, Max já provou que tem. Depois de competir no kart desde os quatro anos, o jovem holandês mostrou a que veio no ano passado, quando estreou nos monopostos, competindo na Fórmula 3 Europeia, onde terminou em terceiro no campeonato, com dez vitórias. O maior passo na carreira até agora já foi dado, em meio a muita polêmica e burburinho, em função da pouca idade. Se irá corresponder ao que se espera dele, só o tempo dirá.

Mas na história da Fórmula-1, antes de Max, apenas seis pilotos foram detentores desse recorde em algum momento de suas carreiras. Conheça um pouco da história de cada um deles.

O inglês Geoff Crossley tornou-se o piloto mais jovem a participar de um Grande Prêmio de Fórmula-1, aos 29 anos e dois dias, justamente na corrida que marcou o início da categoria, em 1950. Foi no GP da Inglaterra, disputado em Silverstone. Como antigamente a quantidade de pilotos estreantes a cada temporada era bem maior se comparada aos dias de hoje e, não raro, ocorria a cada etapa, Crossley perdeu seu posto na corrida seguinte, em Mônaco.

Depois disso, disputou apenas o GP da Bélgica daquele ano, onde terminou em nono, a cinco voltas do vencedor da prova. Encarando o automobilismo apenas como diversão, Crossley competiu em mais algumas provas extra-campeonato até 1955, quando decidiu encerrar a carreira nas pistas. A partir daí, dedicou-se à fabricação de móveis até se aposentar, no início dos anos 80. Morreu em 2002, vítima de um derrame cerebral.

Considerado o maior ícone do automobilismo argentino depois de Juan Manuel Fangio, o Rei dos Pampas, José Froilán González tornou-se o piloto mais jovem a correr na Fórmula-1 ao disputar no GP de Mônaco de 1950, aos 27 anos, sete meses e 16 dias, quebrando assim o curtíssimo recorde de Crossley. Sua participação nessa corrida, porém, resumiu-se apenas a uma volta, depois que se envolveu em um acidente que tirou dez carros da prova logo após a largada.

Em 1951, teve a honra de dar à Ferrari sua primeira vitória na categoria, no GP da Inglaterra, onde venceu novamente três anos depois. Deixou o automobilismo em 1960, passando então a se dedicar aos seus negócios na Argentina. Ao longo dos anos, permaneceu idolatrado pelos fãs, com os quais tinha contato em eventos ligados ao automobilismo e também algumas provas da Fórmula-1, para as quais era convidado. Morreu em 2013, de causas não divulgadas.

Em 1950, com a inclusão das 500 Milhas de Indianápolis no calendário da Fórmula-1, Troy Ruttmann passou a ser o mais jovem piloto a disputar uma prova válida para o campeonato mundial, aos 20 anos, dois meses e 19 dias, deixando Froilán González para trás e mantendo o recorde durante 11 anos. Era apenas a terceira etapa do primeiro campeonato da categoria.

Ao vencer a mesma prova em 1952, aos 22 anos, tornou-se também o mais jovem vencedor do evento mais tradicional de Indianápolis, sendo até hoje o detentor desta marca. Encerrou a carreira em 1964. Depois de uma longa batalha contra o alcoolismo e o jogo, morreu em 1997, vítima de câncer no pulmão.

O mexicano Ricardo Rodríguez teve sucesso ainda muito jovem, destacando-se por terminar como segundo colocado as 24 Horas de Le Mans de 1960. A estréia na Fórmula-1 veio no ano seguinte, aos 19 anos, seis meses e 27 dias, quando disputou o GP da Itália, a bordo de uma Ferrari e finalmente bateu o recorde de Ruttman.

Nos treinos mostrou a que veio, qualificando-se na segunda posição no grid. Na corrida, andou sempre entre os três primeiros até abandonar a prova, depois de 13 voltas, com problemas na alimentação do combustível. Morreu precocemente em 1962, aos 20 anos, após um acidente durante os treinos do GP do México, naquela época sem valer pontos para o campeonato.

O neozelandês Mike Thackwell deu seus primeiros passos na Fórmula-1 ao ser contratado como piloto de testes da Tyrrell. Tentou participar do GP da Holanda nesse mesmo ano, substituindo o alemão Jochen Mass na Arrows, mas sem sucesso. A estréia veio no GP do Canadá, aos 19 anos, cinco meses e 29 dias, quando a Tyrrell pôs um terceiro carro na pista. Com a paralização da prova após um acidente na primeira volta, a equipe optou por ceder o carro de Thackwell a Jean-Pierre Jarier na relargada, deixando o piloto neozelandês fora da disputa, mas reconhecido como o mais jovem participante de um Grande Prêmio.

Thackwell só voltaria a largar na Fórmula-1 em 1984, também no Canadá, pela equipe RAM. Abandonou as pistas em 1987, passando a investir em outras carreiras, trabalhando periodicamente como piloto de helicóptero, minerador e professor. Hoje, o único vínculo com o automobilismo vem de sua irmã, Lisa, por ser casada com o piloto australiano David Brabham.


O recorde de Thackwell só seria batido 29 anos depois, quando o espanhol Jaime Alguersuari foi chamado para substituir o francês Sebastién Bourdais a partir do GP da Hungria, com apenas 19 anos, quatro meses e três dias. A reação por causa de sua pouca idade foi a mesma que se viu recentemente com Verstappen, envolvendo jornalistas, blogueiros e outros palpiteiros de plantão.

Na época, houve quem argumentasse que sua contratação era resultado do intenso trabalho de marketing que a Red Bull vinha e continua fazendo no automobilismo, e não exatamente por causa de suas qualidades como piloto. Como se sabe, há anos a marca não mede esforços para associar sua imagem à de jovens pilotos, em alguns casos sendo muito bem-sucedida. Sebastian Vettel é quem melhor exemplifica isso. No total, Alguersuari disputou apenas 48 Grandes Prêmios, todos pela Toro Rosso e com desempenho razoável, dentro do que se espera em uma equipe média. Deixou a Fórmula 1 após a temporada de 2011.

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