Figura sempre presente em cada corrida, tornou-se rapidamente uma das mulheres mais conhecidas nas pistas de todo o mundo, graças a seu imenso carisma, pouco comum em um ambiente competivivo como o do esporte a motor. Não foi à toa que, sem querer, acabou até lançando moda ao adotar aquela que seria sua marca registrada na Fórmula-1 dos anos 70: o inesquecível chapéu preto, rapidamente copiado e usado pelas outras mulheres do circo.
A entrevista é resultado de um bate-papo que tive com ela em julho de 2009, por causa da proximidade de seu aniversário, comemorado hoje, dia 8 de julho, e que muitos leitores terão a oportunidade de acompanhar agora, nessa nova fase do Almanaque da Fórmula 1. Dona de uma simpatia incrível, ela falou em detalhes sobre os bons momentos vividos naquela época, os amigos que ficaram e os que se foram, a paixão dos netos pela velocidade, entre outras coisas. Tudo isso você confere a partir de agora.
Como foi o início de sua vida com o Emerson?
Nos anos 60, o Emerson ainda não era tão conhecido, o que só aconteceu depois que ele ganhou o campeonato da Fórmula 3 Inglesa e aí começaram a vê-lo um pouco mais. Nessa época, quando ele voltou ao Brasil, é que nós nos conhecemos, em 1969, e casamos em três meses, em Norwich, onde ficava a sede da Lotus. Para nós, tudo isso foi o começo, o primeiro passo de um piloto brasileiro que logo em seguida ganhou uma corrida em Watkins Glen e ajudou o Jochen Rindt a ser campeão post-mortem. No início, não foi fácil. A gente deu duro.
E como você vê o fato de ser considerada a primeira-dama do automobilismo brasileiro?
Acho muito legal, pois naquele tempo eu fazia tudo o que os pilotos têm hoje. Eu era manager, relações públicas, assessora de imprensa e ainda fazia cronometragem, pois na minha época não era nada computadorizado. Hoje, as mulheres apenas enfeitam os boxes, mas na minha época elas trabalhavam pra valer.
Eu li uma vez que isso aconteceu porque o Colin Chapman não gostava de ver ninguém desocupado nos boxes e aí tratou de te arrumar uma função na equipe.
No meu caso, nem foi isso, e sim porque é um saco ficar ali sem fazer nada, para ser bem sincera. Tinha o fato de eu estar apavorada por ver o marido correndo e também porque o Emerson era muito meticuloso. Ele era o primeiro a chegar na pista e o último a sair. Depois de três dias, era tudo muito cansativo. A gente chegava do aeroporto e ia direto para o hotel. No dia seguinte, bem cedinho, íamos para a pista. Depois, voltávamos para o hotel e era assim até acabar a corrida e irmos para casa. Então, não tinha nada de glamuroso. Era trabalho duro, para ele que estava correndo e para quem estava na pista acompanhando. Não era aquela coisa maravilhosa que todo mundo imagina.
Ou seja, é assim no começo, mas depois acaba caindo na rotina.
Mais ou menos. Porque não existe rotina quando se tem a preocupação de ver seu marido correndo, pois a cada corrida você não sabia se ia voltar pra casa junto com ele ou voltar sozinha, para ser bem dramática, porque havia sempre um risco. Era um risco calculado, mas ele existia, porque naquela época não tinha toda a segurança que existe hoje. Pelo contrário, não tinha nada.
Antes de conhecer o Emerson, você tinha algum interesse pelas corridas ou isso só aconteceu depois que vocês se conheceram? Como era a Maria Helena antes da Fórmula-1?
Eu estudei a vida toda fora do Brasil, porque meus pais são ingleses e naquela época era moda mandar os filhos para estudar na terra natal. Quando voltei ao Brasil, fui trabalhar em uma agência de turismo e, dois anos depois, conheci o Emerson. Mas nesse tempo, alguma coisa devia estar no ar. Não que eu acompanhasse as corridas. Eu não via nada, mas no dia em que fiz 18 anos, minha madrinha me deu um carro e, por incrível que pareça, era um Interlagos Berlineta. Ele pertenceu a uma mulher que ia correr nas Mil Milhas de Interlagos, mas ela sofreu um acidente e então o carro foi colocado à venda. Esse foi meu primeiro carro e foi minha paixão, o que é incrível, porque eu não tinha nada a ver com corridas nem conhecia o Emerson. Foi o destino mesmo. Meu segundo carro foi um Karmann-Ghia, e foi aí que conheci o Emerson, que nessa época tinha uma fábrica de volantes. E ele, querendo ser todo charmoso, me convenceu a pôr um volante novo no carro. Quando saí da fábrica, bati na primeira curva, porque o volante era pequeno e o carro ficou muito tinhoso. Fiquei muito brava e acabei pedindo o outro volante de volta.
Quando você voltou à Europa para morar com ele, como foi se adaptar a uma fase em que a grana era curta e você tinha de cuidar da casa?
Eu já estava acostumada a morar fora do Brasil. Então, essa parte eu não estranhei, ainda mais porque, no primeiro ano, fomos morar na Inglaterra, onde eu já tinha estudado. Para mim, era como estar em casa, embora eu sempre diga que, apesar de ter mãe e pai ingleses, o coração e a alma são brasileiros. Por mais que eu ache a Inglaterra maravilhosa, o Brasil é mil vezes melhor. Quanto às corridas, no começo foi um choque, porque ele começou a correr de Fórmula-2 e logo em seguida foi convidado para correr de Fórmula-1. A transição foi brutal, porque a velocidade era uma loucura. Era sempre um medo, uma preocupação.
E aí você foi viver uma vida completamente diferente daquela que você tinha no Brasil.
Sim, porque quando ele não estava correndo, estava testando o carro. E para ele, que era muito meticuloso, tudo tinha que ser absolutamente perfeito. Então havia o medo e também o tédio. Era uma vida muito solitária, por incrível que pareça. Depois, eu até disse pra ele que uma das maiores razões pelas quais a gente se separou foi a solidão, porque o Emerson era tão profissional, tão perfeito no que fazia, que ele não tinha muito tempo para ficar em casa. Para você ter uma ideia, no dia em que nós casamos, fomos ao cartório em Norwich. Estávamos junto com meu irmão, que estudava na Inglaterra, mais o Wilsinho, a Suzy e dois amigos, o Chico Rosa e o Carlo Gancia. Depois, fomos almoçar em um restaurante que pertencia a um brasileiro que era casado com uma japonesa, e mais tarde eles foram testar, enquanto eu e a Suzy fomos lavar roupa. Esse foi o dia do meu casamento, porque no dia seguinte a gente já ia viajar para uma corrida. E tudo era contado. A gente andava muito de carro, porque era tudo muito caro, especialmente na Inglaterra. Era dureza, com cada moeda contada, até ele se integrar à Lotus. Aí é que as coisas foram melhorando.
Na Fórmula-1 dos anos 70, os acidentes eram muitos e a segurança era pouca. E a cada 15 dias, havia sempre a possibilidade de um piloto morrer. Como você e as mulheres dos outros pilotos conviviam com essa situação, sabendo que poderiam se transformar em viúvas da noite para o dia ou sentir a dor de ver um amigo desaparecer de repente?
Isso aconteceu muitas vezes. Perdemos muitos amigos, especialmente o Ronnie Peterson, que era muito amigo nosso, e outros pilotos também. O Graham Hill, que era nosso ídolo e um amigo também. Graças a Deus, vivi com o Emerson naquela época, quando tudo era mais humano, mais família. Hoje em dia, é cada um por si e ninguém se fala. É um olhando torto para o outro. Eles não se misturam. Na minha época, se não estava fazendo cronometragem, estava junto com alguém em algum canto, conversando. Aprendi a jogar gamão com o Colin Chapman, fazia campeonato com o James Hunt, que jogava gamão também. E eu adorava jogar e adoro até hoje. Era todo mundo muito mais amigo. Rival apenas na pista, mas fora dela, todo mundo fazia parte de uma grande família. Igual a um circo, que vai mudando e todo mundo vai junto, desde jornalista até dono de equipe, mecânico, piloto, mulher ou namorada de piloto.
E quando acontecia uma coisa dessas, era um abalo que pegava todo mundo de surpresa, certo?
Para mim, o pior foi com o Ronnie Peterson, porque a Barbro, a esposa dele, não foi para a corrida em Monza. E o dr. Rafael Grajales-Robles, que era o médico particular do Emerson, estava acompanhando o Ronnie quando ele teve o acidente. Daí ele ligou pra gente dizendo: "Olha, é melhor vocês virem aqui porque o Ronnie está indo embora." Quando chegamos ao hospital, o Ronnie já tinha morrido. Ele tinha quebrado as pernas no acidente e decidiram operá-lo, mas depois teve uma embolia e morreu durante a madrugada. Aí o Bernie Ecclestone me pediu para eu ir ao aeroporto e contar à Barbro que o Ronnie tinha falecido. Foi um negócio horroroso, que não tem como descrever. Não precisei falar nada, pois quando a Barbro me viu, entendeu logo que estava tudo acabado.
Na sua época, o mundo da Fórmula-1 chorou a morte de diversos pilotos, como o próprio Ronnie, e também François Cevert, Roger Williamson e Helmuth Köinigg, para citar alguns. Nos bastidores, como ficava a cabeça de todo mundo nessas horas?
Era como perder um membro da família. Era uma dor muito forte, porque, para os pilotos, era um companheiro e um amigo; para as mulheres, era o marido de uma das amigas. E éramos muito unidas naquela época. Por isso, acho que era pior, porque naquela época a gente sempre se falava, ia ao motorhome do outro, enquanto hoje em dia ninguém conversa e tem pouco contato. Veja o caso do meu genro, o Max Papis, que é casado com a Tatiana e corre na NASCAR. A NASCAR hoje é muito mais próxima da Fórmula-1 daquela época do que hoje em dia. A NASCAR é uma família. Um piloto pode estar puto com o outro dentro da pista, querendo se pegar, porque é uma competição e só um ganha. Mas eu fui ver o Max correr algumas vezes e fiquei impressionada com esse senso de família. E era assim também na Fórmula 1 antigamente. Então, era uma dor como se tivesse perdido alguém da família e a solidariedade era muito maior.
Quando você começou a perceber o quanto era duro o ambiente da Fórmula-1?
No começo, nós éramos novos no meio, mas o Emerson teve uma escalada muito rápida e, de repente, éramos as crianças que estavam entrando no mundo dos adultos, de uma forma muito mais rápida do que imaginávamos. E pessoas como o Colin Chapman eram extremamente frias, como hoje em dia é a Fórmula-1. O Colin já era assim naquela época. Primeiro, porque vem aquela famosa expressão: The show must go on. O show tem que continuar, não dá para parar. Eles têm que pôr alguém no lugar porque tem patrocinador e mais um monte de coisa que faz parte de uma equipe. É difícil, é duro, mas tem que continuar, senão não tem mais Fórmula-1. O Colin Chapman, para mim, foi um dos piores. Ele era um gênio para os carros, mas como pessoa era um mercenário. Era uma pessoa extremamente dura e fria. Ele ficou assim depois que perdeu o Jim Clark, que era a paixão dele. E quando o Jim Clark morreu em Hockenheim, o Colin virou um gelo. Ele levou um susto e acho que sofreu tanto com a morte do Clark que, depois disso, decidiu não fazer mais amizade com piloto.
Tratava apenas como um empregado...
Como um empregado que estava ganhando salário: "Senta lá e faz o trabalho". Mas eu ainda acho que aquela época era muito mais amigável do que hoje, em que tudo é robotizado e frio. Ainda sou da opinião de que na época do Emerson é que tinha piloto de verdade. Hoje é tudo robô. Basta você olhar o volante de um Fórmula-1 hoje e o carro, com toda aquela tecnologia, que não existia na época do Emerson até pouco antes de ele parar. Antes, era apenas o piloto, o pé e a cabeça.
Quais foram as principais amizades que você fez enquanto acompanhou a Fórmula-1?
O Carlos Reutemann e a esposa dele, a Mimicha, eram muito amigos nossos. Mas tinha dias em que o Carlos passava por nós e nem cumprimentava. E em outros dias ele vinha, abraçava e beijava. Ele era uma pessoa diferente, mas sempre o admirei muito. A Mimicha era muito amiga também, assim como o Ronnie Peterson e o Clay Regazzoni e todos os outros. Tive muita sorte naquela época, porque eu posso dizer que todos eram amigos.
Você ainda mantém contato com essas pessoas?
Bem pouco. De vez em quando ainda vou à Fórmula-1 em Interlagos, ainda vejo alguns chefes de equipe, mecânicos que viraram chefes de equipe e jornalistas. O Jacques Laffite eu vejo todo ano e o Jochen Mass também. Mas a gente se vê, se abraça, se beija e depois só se encontra novamente no ano seguinte. Chega uma hora que isso acaba. Depois da Fórmula-1, a única coisa que eu fiz foi montar um campeonato para mulheres pilotos durante três anos. Foi a primeira vez no mundo que tivemos um campeonato completo desse tipo. Só que aqui a coisa é muito machista e, quando eu ia pedir patrocínio, diziam que mulher tinha que pilotar um fogão e não um carro. Foi complicado. Até hoje me pedem para fazer isso de novo, mas não dá mais.
E o Teddy Mayer? Como ele era como chefe de equipe e como pessoa?
O Teddy era maravilhoso. Ele era um homem muito quieto, mas fazia um trabalho fantástico. Foi ideia dele de batizar meu filho com o nome Jayson. A gente estava procurando alguma coisa que terminasse com "son", para combinar com Emerson e Wilson. Tínhamos pensado em Jefferson, mas o Teddy sugeriu Jayson. Nem pensei duas vezes. Eu o adorava o Teddy e também a esposa dele, a Sally. O filho deles (Tim Mayer) trabalhou com o Emerson durante muitos anos nos Estados Unidos também. O Teddy era realmente uma pessoa maravilhosa. Um chefe de equipe fantástico e muito respeitado.
Analisando hoje a história da Copersucar, muitas pessoas percebem que a imprensa deu pouca ou nenhuma credibilidade ao projeto por causa da falta de resultados. Com isso, o Emerson acabou sendo crucificado também. Na sua opinião, o que deu errado e o que poderia ter sido feito para que a história fosse diferente?
Não acho que foi culpa da imprensa, e sim do governo. Vendo uma pessoa como o Emerson Fittipaldi, que levou o nome do Brasil lá fora e ganhou dois campeonatos mundiais, o governo deveria ter sido mais inteligente e deveria ter ajudado. E eu só ponho a culpa no governo, porque a Copersucar tinha tudo para dar certo, desde o projetista até o engenheiro. E tinha também o know-how do Emerson, como piloto e mecânico. O problema era a falta de dinheiro e as dívidas, pois o projeto deixou muitas dívidas. Se o governo tivesse ajudado, como é feito em outros países, teríamos até hoje uma equipe brasileira, made in Brazil. Foi uma pena, porque tinha tudo para dar certo.
Pouco antes de a equipe fechar, o envolvimento do Emerson era cada vez maior e isso acabou coincidindo com o fim de seu casamento. Nessa época pós-McLaren, como foi conviver com o Emerson piloto e com o Emerson dono de equipe?
Para mim, a segunda fase foi melhor porque eu não tinha mais um marido correndo, o que era muito bom. Mas como eu disse antes, o Emerson era muito meticuloso e muito empenhado no trabalho dele. Depois de alguns anos, isso fica impregnado na pessoa e por isso ele não sabia lidar com o fato de ter que ficar em casa. E as coisas também já não estavam indo bem e hoje, graças a Deus, ele é meu melhor amigo. Tenho amizade também com a Teresa e com a Rossana. A Teresa até costuma brincar, dizendo que eu sou a Fitti-1 e ela a Fitti-2. E a Rossana, que é a mais nova, é a Fitti criança. Não temos animosidade nenhuma, pelo contrário. Minha separação do Emerson foi tão tranqüila que as pessoas levaram seis meses para saber. Não houve nenhum alarde com jornal, essas coisas. Quando todo mundo soube, não era mais notícia. E foi tudo muito bem resolvido. Eu fiquei bem, ele também, cada um foi para o seu lado e continuamos amigos até hoje.
Nessa fase final, você ainda curtia o ambiente das corridas ou já tinha chegado a um limite, vendo que era hora de parar e acabar com tudo?
Ah, sem dúvida. Chega uma hora que desgasta, pois tira toda a sua vida "normal", embora estar casada com um piloto não seja uma vida normal. As crianças ficam em casa, metade do coração fica com as crianças e a outra não quer ir com o marido para as corridas. E eu ia a todas as corridas e testes. No começo, com as crianças pequenas, era fácil porque eu as levava junto comigo, mas depois que iam para a escola ficava complicado. Mas eu ia com o Emerson sempre, por causa do risco.
Ou seja, caso acontecesse alguma coisa, você preferiria estar lá junto dele.
Sem dúvida. Uma das poucas vezes em que não fui, porque uma das crianças estava doente e com febre, foi no dia do acidente do Niki Lauda, em Nürburgring, quando ele se queimou todo. No domingo, fui passear com as crianças no lago. Na volta para casa, liguei o rádio e estavam dizendo que tinha acontecido um acidente horrível, com fogo, envolvendo o Emerson Fittipaldi e o Niki Lauda. Imagine como eu fiquei. Eu estava desesperada e não sabia para onde telefonar, pois não era fácil como hoje. Eu ligava para os jornais e eles também não sabiam. Só fiquei sabendo do que aconteceu à noite, quando o Emerson ligou e disse: "Oi, tudo bem?". E eu falei pra ele: "Como assim tudo bem? Eu quero saber se você está bem!". Aí eu contei o que houve e ele ficou sem jeito, porque achou que eu estivesse assistindo a corrida pela televisão, quando na verdade eu tinha saído com as crianças. Mas foi um susto e foi uma das poucas corridas em que eu não fui, a não ser quando eu tive bebê. E mesmo assim, levava e dava de mamar na pista (risos).
Encerrada a fase da Copersucar e a separação, como foi se acostumar à vida fora do ambiente das corridas e das viagens constantes?
Depois de 13 anos nesse meio, de repente você não está mais ali, então você sente, é claro. Mas na fase da Copersucar, quando o Emerson deixou de pilotar e passou a ser apenas chefe de equipe, a transição foi mais amena. Quando nos separamos, ele estava correndo apenas de superkart aqui no Brasil. Ele só foi morar nos Estados Unidos quando já estava com a Teresa.
Você teve a sorte de não ter nenhum dos filhos seguindo a carreira de piloto. Em compensação, dois de seus netos, Pietro e Enzo, seguiram esse caminho. Como fica o coração de avó nessa hora? Ele é mais forte do que o coração de mãe?
É horrível, porque não estou com eles. Se dependesse de mim, eles virariam padres. Mas tenho orgulho, pois vejo que não tenho saída. A história se repete, né? Novamente os irmãos. E acho que o Pietro vai dar o que falar. O Enzo é porra-louca, um Villeneuve (risos). Esse não tem medo, já capotou e fez muitas outras coisas. Ele é completamente pirado, mas é muito bom. Só que ele não tem medo, e o problema é que precisa ter medo. Já o Pietro é como o avô, o professor. E eu sempre falo que, depois do Emerson, meu piloto favorito sempre foi o Prost, que para mim era um gênio. Sempre foi um piloto pelo qual tive muita admiração, pelo jeito de ele pilotar, e acho que o Pietro está entre os dois. Nas competições, ele está indo muito bem e é muito determinado e consciente, maduro até demais para a idade dele. E nada foi forçado. Disso eu tenho certeza absoluta. Quem o ajudou muito nesse aspecto foi meu genro, o Max Papis. Ele foi uma pessoa muito importante na vida do Pietro.
Quais são as melhores lembranças que você guarda dos tempos em que conviveu com o Emerson nas pistas de todo o mundo?
Quanto às viagens, no começo, eu podia estar em qualquer país que não fazia diferença. Mas no final, quando o Emerson era dono de equipe, dediquei todas as sextas-feiras para conhecer os países que antes eu não tinha conhecido. Qualquer país em que a Fórmula-1 estivesse, eu aproveitava para conhecer as cidades e os museus, pois antes era uma frustração muito grande, já que eu vivia na pista. Em relação ao Emerson, é o privilégio e a honra de ter sido casada com ele, que para mim é um dos melhores pilotos que já existiu. Aprendi muita coisa com ele. Aprendi a ser meticulosa e a ser cuidadosa, porque você aprende muita coisa com essas pessoas especiais que são os pilotos. Conheci também muita gente interessante e legal, com as quais fiz boas amizades. Essas são as principais lembranças que eu guardo até hoje.
Leia também:
- Entrevista com Wilsinho Fittipaldi
- Entrevista com Christian Fittipaldi
mais um trabalho sensacional, gostei bastante dela ter resgatado o lado mais humano e mambembe daquela época, hoje como ela fala e eu concordo é tudo muito robotizado
ResponderExcluirMuito boa entrevista!! Gostei da comparação que ela gaz vom as esposas e namoradas de pilotos daquela época e hoje. Tudo era mais simples...inclusive as relações com as pessoas, bem diferente de hoje.
ResponderExcluirCara, que baita entrevista! Ela conta as coisas com detalhes tão legais que dá a impressão que a gente está junto vivendo. Valeu mesmo!
ResponderExcluir