segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Memória: GP da Argentina de 1974

No dia 13 de janeiro de 1974, mais uma vez, a Fórmula 1 abria a temporada com uma etapa na Argentina, no tradicional circuito Oscar Alfredo Gálvez, em Buenos Aires. Mas naquele ano, havia um certo temor tomando conta do paddock argentino, como resultado da crise do petróleo que havia começado poucos meses antes.


Em retaliação ao apoio dos Estados Unidos a Israel na Guerra do Yom Kippur, em 1973, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiram, sob forma de protesto, diminuir a produção de petróleo e embargar sua distribuição para a Europa e os Estados Unidos. Para piorar, aumentaram o preço do combustível em mais de 300% em apenas três meses.

O efeito dessa decisão no automobilismo esportivo foi imediato e, na Fórmula 1, temia-se que o choque petrolífero pudesse, de alguma forma, atrapalhar a etapa em Buenos Aires. Sem combustível, nada de competição. Mas nada disso aconteceu e a corrida poderia ser realizada normalmente.

Novidades no grid

Era possível notar muitas mudanças entre as equipes, sendo a principal delas na Tyrrell. Com François Cevert morto três meses antes e, por conta disso, Jackie Stewart optando pela aposentadoria imediata, a equipe contava agora com o sul-africano Jody Scheckter - até então considerado um perigo ambulante na pista - e o francês Patrick Depailler.

Denny Hulme, a bordo do McLaren M23 e estreando a parceria com a Marlboro

Peter Revson, de mudança para a Shadow, abriu espaço para Emerson Fittipaldi na McLaren, que vinha de patrocinador novo, a Marlboro, dando início a uma bem-sucedida parceria de 23 anos. A equipe, disputando o campeonato com três carros, contava também com o neozelandês Denny Hulme e o inglês Mike Hailwood, vindo da Surtees.

Na Lotus, que agora tinha o sueco Ronnie Peterson como primeiro piloto, o lugar que antes era de Emerson passou a ser ocupado pelo belga Jacky Ickx. E a Ferrari contava agora com a dupla Niki Lauda e Clay Regazzoni, ambos recém-saídos da BRM, onde foram substituídos pelos franceses François Migault e Henri Pescarolo.

E o sueco voa nos treinos

Nos treinos de classificação, Peterson aproveitou o fato de não estar mais sob a sombra de Emerson e cravou a pole position, marcando o tempo de 1min50s78, seguido pela Ferrari de Regazzoni, com 1min50s96. Emerson, de equipe nova e ainda em boa fase, abria a segunda fila do grid, marcando 1min51s06, seguido por Revson, com o tempo de 1min51s30.

Clay Regazzoni - Ferrari 312B3
Clay Regazzoni, a bordo da Ferrari 312B3, no GP da Argentina, em Buenos Aires

A largada ficou sob a responsabilidade de Juan Manuel Fangio, o ídolo local. Peterson, tirando proveito da pole, manteve-se na liderança, mas não muito tempo, caindo para a segunda posição ao ser ultrapassado pelo argentino Carlos Reutemann, da Brabham, ao final da terceira volta.

Enquanto várias disputas por posições ocorriam pelotão intermediário, Reutemann seguia firme na ponta, liderando tranquilamente a corrida. A certeza de que El Lole venceria a prova era tanta que o então presidente da Argentina, Juan Perón, decidiu sair da Casa Rosada e seguir direto para o autódromo, na intenção de entregar o troféu de vencedor ao piloto argentino.

A frustração da torcida argentina

Tudo caminhava para que Reutemann vencesse pela primeira vez na Fórmula 1, e justamente em sua casa, diante de seu público. Até que, na penúltima volta, Hulme assume a liderança, enquanto o piloto argentino para, sem combustível, caindo para a sétima posição. Para o público local, não poderia haver frustração maior.

Vitória de Hulme, seguido pela dupla da Ferrari, com Lauda em segundo - conquistando seu primeiro pódio na Fórmula 1 - e Regazzoni em terceiro, marcando a volta mais rápida da prova. Um excelente resultado depois de dois anos desastrosos. Emerson terminou em décimo, enquanto outro brasileiro, José Carlos Pace, da Surtees, abandonou depois de 21 voltas, com problemas na suspensão.

GP da Argentina, 1974

Crédito das Imagens: Forix

3 comentários :

  1. Que maravilha de matéria! Se possível, poste outras iguais a essa. Principalmente dos anos 70 e 80. Obrigado.

    ResponderExcluir
  2. Com certeza, Marcello. Sempre que surgirem datas históricas como a de ontem, vou publicar algo aqui no blog. Obrigado pela visita.

    ResponderExcluir
  3. Maravilha de matéria! Além das ótimas informações iniciais sobre a crise do petróleo, um excelente resgate histórico sobre a corrida! Parabéns!!!

    ResponderExcluir