segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Brian Hart (07/09/1936 - 05/01/2014)

Brian Hart
O ano mal começou e 2014 já tem sua primeira baixa entre os grandes nomes da história da Fórmula 1. Trata-se do engenheiro britânico Brian Hart, que morreu na tarde de ontem, aos 77 anos, após lutar contra grave doença, ainda não divulgada. Na F1, ele foi um dos mais brilhantes construtores da chamada Era Turbo da categoria, ao desenvolver e fornecer motores para as equipes Toleman, RAM, Spirit, Team Haas, Jordan, Arrows e Minardi.

Antes do sucesso como construtor, Hart tentou a sorte como piloto, em categorias menores, como a Formula Junior, a Fórmula 3 e a Fórmula 2. Nesta última, no campeonato europeu, obteve seu maior sucesso nas pistas, terminando em décimo na classificação geral.

Hart correu até 1972, época em que sua atenção já estava há muito focada na preparação de motores. Como engenheiro, iniciou a carreira na De Havilland Aircraft Company, pouco antes de se transferir para a lendária Cosworth. Em 1969, fundou sua empresa, a Brian Hart Ltd., obtendo grande sucesso ao desenvolver motores Ford BDA para competições de rali e, posteriormente, na Fórmula 2.

Com o tempo, adquiriu conhecimento suficiente para desenvolver e construir seu próprio motor, batizado como Hart 420R, em 1976. Mas somente três anos depois é que a empresa atingiu seu auge, graças à associação com o grupo Toleman, que na época mantinha uma equipe na Fórmula 2. Dessa união, vieram o título e o vice-campeonato na temporada seguinte da categoria, com Brian Henton e Derek Warwick, respectivamente.

Finalmente, a Fórmula 1!

O casamento com a Toleman acabou sendo o trampolim necessário para que Brian Hart cogitasse a ideia de, finalmente, fazer parte do cobiçado circo da Fórmula 1. A estreia se deu em 1981, com um motor de quatro cilindros, batizado de Hart 415T, sendo este o primeiro motor turbo da categoria construído por uma marca independente. O propulsor, no entanto, não se entendeu bem com o chassi TG181 da Toleman, pois o carro era pesado demais e só conseguiu participar de duas corridas durante toda a temporada: na Itália, com Henton, e nos EUA, em Las Vegas, com Warwick.

O motor Hart 415T, que equipou o chassi Toleman TG181, sem sucesso
Aos poucos, Hart foi ganhando mais experiência, aprendendo com os erros e colhendo os frutos do sucesso ao desenvolver e construir um bom motor com baixo orçamento. Se em 1982 seus motores terminaram o ano sem pontos, na temporada seguinte, o cenário foi melhor, encerrando a temporada com 10 pontos, graças ao sexto lugar de Bruno Giacomelli, no GP da Europa, e quatro bons resultados de Warwick nos GPs da Holanda, da Itália, da Europa e da África do Sul.

O auge e o fim

Foi com a Toleman, em 1984, que os motores Hart conseguiram o melhor desempenho de sua história na categoria. O motor não era dos mais rápidos, mas era competitivo e rendeu resultados excelentes naquele ano, todos eles pelas mãos de Ayrton Senna. Nessa lista, se inclui o famoso GP de Mônaco, onde o piloto brasileiro mostrou ao mundo a que veio, conquistando um surpreendente segundo lugar, sob intensa chuva.

Os motores Hart continuaram com a Toleman por mais um ano, tendo ainda como clientes equipes menos expressivas, como RAM e Team-Haas, até deixarem a categoria. Longe da Fórmula 1 como construtor, Brian Hart continuou trabalhando para pequenas e médias equipes, desenvolvendo os motores Ford Cosworth nas versões DFZ e DFR.

O auge voltou somente em 1993, quando passou a construir e desenvolver motores para a Jordan, possibilitando que Rubens Barrichello marcasse seus primeiros pontos na categoria. Dois anos depois, teve como cliente a Arrows-Footwork, mas os motores sofriam com a pouca potência e, nesse período, a Hart só esteve no pódio uma única vez, no GP da Austrália de 1995. No ano seguinte, foi a vez de a Minardi receber seus motores, sem obter nenhum resultado expressivo no período.

Rubens Barrichello estreia na F1 com a Jordan 193, equipada com o motor Hart V10
A marca chegou a ter seus propulsores usados nas temporadas seguintes, pela Arrows, mas rebatizados como Arrows T2-F1, chegando perto de uma vitória no GP da Hungria de 1997, com Damon Hill. Pouco tempo depois, o então dono da equipe, Tom Walkinshaw, comprou a Brian Hart Ltd., obrigando seu fundador a deixar definitivamente o automobilismo.

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