sexta-feira, 17 de abril de 2015

Especial Miniaturas: McLaren MP4-6

 © 2015 - Acervo Pessoal / Mário Salustiano

Dando continuidade à serie Especial Miniaturas, chegamos à terceira edição da coleção Lendas Brasileiras do Automobilismo, com a McLaren MP4-6, usado na equipe inglesa na temporada de 1991, por Ayrton Senna e Gerhard Berger. Foi o ano do tricampeonato de Senna.

O projeto foi assinado pelo projetista Neil Oatley, que manteve como base e semelhança o modelo anterior, o MP4-5, de 1990. Enquanto várias inovações tecnológicas estavam sendo incorporadas pelas outras equipes, como o câmbio semi-automático, a McLaren manteve o MP4-6 com câmbio manual e apostava no novo motor desenvolvido pela Honda. O RA 121-E, um V12 instalado a 60 graus, entregava cerca de 710 cavalos de potência, a 13 mil giros por minuto contra os 675 cavalos do modelo anterior.

 © 2015 - Acervo Pessoal / Mário Salustiano
O chassi do MP4-6 foi novamente feito em fibra de carbono pela Hercules Aerospace, que manteve a parte superior removível e trouxe a mudança na posição dos amortecedores e molas, sendo colocados na parte superior. Ele apresentava uma melhora na rigidez torcional e seu desenho trouxe menos componentes, permitindo, assim, o aumento no tanque de combustível, já que o novo V12 era mais beberrão do que o antigo V10.

Na fase inicial do campeonato, Senna engatou quatro vitórias seguidas, nos Estados Unidos, no Brasil, em San Marino e em Mônaco. Esse foi o ano que marcou a primeira vitória do piloto brasileiro na corrida de casa, em Interlagos. A prova ficou famosa pelo contorno dramático da quebra do câmbio, deixando o mesmo travado na sexta marcha, obrigando Senna a percorrer as sete últimas voltas com esse problema, vendo Riccardo Patrese, da Williams, descontar os quase 36 segundos de desvantagem para chegar a apenas três segundos na bandeirada.

Parecia que o tri seria bem fácil, mas Senna, a despeito dessas vitórias, chamava a atenção da Honda para a pouca potência que, no seu entender, o motor estava entregando. Senna chegou a comentar na época: Tradicionalmente, estamos colocando menos potência para aumentar a confiabilidade do motor."

Essa sinceridade foi nitidamente embaraçosa para a Honda. E ele tinha razão. A Williams havia desenvolvido o modelo FW-14 e, para a sorte da McLaren, o carro pilotado por Nigel Mansell quebrou nas três primeiras corridas, só pontuando em Mônaco, quando Senna já havia estabelecido uma boa vantagem na classificação geral.

 © 2015 - Acervo Pessoal / Mário Salustiano
Na sequência, depois de Mônaco, as Williams dominaram as provas e Senna foi acumulando pontos importantes para se manter líder do campeonato. Patrese venceu no México e Mansell venceu três GPs seguidos, na França, na Inglaterra e na Alemanha. Na décima etapa, na Hungria, a vantagem de Senna sobre Mansell era de apenas oito pontos.

O piloto brasileiro fez uma prova perfeita, obtendo uma importante vitória sobre a dupla da Williams. Contando com a sorte, ele vê uma nova vitória cair em seu colo na corrida da Bélgica, no veloz circuito de Spa-Francorchamps. Nessa corrida, Senna saiu na pole, tendo liderado até a 15ª volta, quando, na troca de pneus, perdeu a liderança para Mansell. Mas o motor Renault falhou e Mansell abandonou, deixando Senna com uma folga de 22 pontos no campeonato.

Nas três etapas seguintes, novo domínio da Williams, mas uma trapalhada em Portugal tirou a vitória de Mansell, que acabou desclassificado por uma troca irregular de pneus fora do local apropriado. A vitória ficou com Patrese e Senna continuou acumulando pontos importantes, chegando ao Japão com 16 pontos de vantagem. Na corrida, Senna deixou Berger sair na frente e ficou na marcação a Mansell. Na décima volta, o inglês perdeu o controle e saiu da pista, com o título decidido. O restante da corrida foi pura diversão para Senna, que terminou a prova em segundo lugar, chegando ao seu terceiro título.

Sem dúvida, a parceria entre Senna, McLaren e Honda foi uma das mais importantes e vencedoras da história da Fórmula 1. E alguns dos carros da série MP4 estão, até hoje, entre os maiores vitoriosos de todos os tempos.

Mário Salustiano nasceu em Recife, mas adotou São Paulo em 2006. Atualmente, trabalha na área de Marketing de Serviços. Acompanha a Fórmula 1 desde o primeiro título de Emerson Fittipaldi, em 1972. Vivenciou a trajetória dos brasileiros, coleciona livros e vídeos sobre a categoria e adora contar e relembrar as boas histórias do automobilismo.

3 comentários :

  1. Parabéns Mário!! Texto excelente!! Estreando bem na série das minis...não podia ser com um carro melhor!!

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  2. Esta mudança de configuração de motor faz surgir vibrações diferentes dificultando o ganho de potência, não foi só a Honda que teve dificuldade de passar do V10 para o V12, a Ferrari também teve alguns problemas ao passar do V12 para o V10 e a Ford do do V8 para o V10. Berger chegou a declarar que o novo Honda V12 era em condições de corrida 0,5 segundo mais lento do que o V10. A sorte do Senna é que a McLaren fez um novo chassis para 1991 que era 1 segundo mais rápido do que o de 1990. Na prática a McLaren de 1991 ficou 0,5 segundo mais rápida do que a de 1990, podendo com isto derrotar a Ferrari que em 1990 tinha um carro muito forte, mas daí surgiu em 1991 surgiu a Williams com um carro mais rápido, mas não confiável.

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