quinta-feira, 26 de março de 2015

Pitacos malaios #1

 © 2015 - Pirelli
Sendo esta a corrida mais longa da temporada, com um total de 310.408 km de extensão, o GP da Malásia representa um enorme desafio para pilotos e equipes. Primeiro, por causa das condições climáticas da região, muito quente e úmida, o que exige daqueles caras um condicionamento físico fora do comum. Segundo, pelas características técnicas da pista, que mistura curvas de alta e baixa velocidade, exigindo um desempenho dos carros acima da média.

Obviamente, isso também se reflete no comportamento dos pneus, exigidos ao extremo e a cada momento em um asfalto altamente abrasivo.

Somando tudo isso ao fato de que os carros estão dois segundos mais rápidos se comparados com os tempos de 2014, a força aplicada aos pneus torna as coisas ainda críticas se a corrida for realizada sob altas temperaturas, principalmente nas primeiras voltas, quando os carros estão com o tanque cheio. Por essa razão, a Pirelli escolheu pneus duros (faixa laranja) e intermediários (faixa branca), como tem feito desde 2011, prevendo uma estratégia de, no mínimo, duas paradas para cada carro.

 © 2015 - McLaren
A McLaren confirmou na segunda-feira a participação de Fernando Alonso no GP da Malásia. Após o acidente sofrido durante os testes da pré-temporada, em Barcelona, muita gente chegou a apostar, inclusive, na aposentadoria do piloto espanhol. Pois ele já está circulando pelo paddock de Sepang e, pelo visto, ensaiou direitinho seu discurso para a imprensa.

Depois de tanta especulação, agora ele trata de negar a versão de que apagou dentro do cockpit, informando que se lembra de cada momento do acidente - segundo ele, causado por um problema no volante - e que só perdeu a consciência na ambulância ou no centro médico da pista, por causa dos medicamentos recebidos durante o atendimento. Ou seja, não acordou pensando que estava em 1995 nem falando italiano. Obviamente, sequer comentou a versão do suposto choque dentro do carro. E vai continuar agindo assim até que o assunto caia no esquecimento e não se saiba o que realmente aconteceu. Fecha a cortina.

No press release enviado por sua equipe na terça-feira, Alonso comentou sobre o desempenho da equipe na Austrália e disse que o resultado obtido por Jenson Button "foi encorajador em termos de confiabilidade do carro e coleta de dados". Tudo muito bonito e ensaiado, conforme mandam as boas regras das Relações Públicas. Quero ver até quando vai durar esse discurso caso a McLaren tenha o mesmo desempenho vergonhoso apresentado em Melbourne, desta vez com ele ocupando um dos cockpits.

 © 2015 - Sahara Force India Formula One Team
Para a Force India, o momento é de manter os pés no chão, depois do bom resultado na Austrália. A equipe sabe que tem muito trabalho a ser feito no desenvolvimento de seu carro se quiser continuar marcando pontos com frequência. Lembrem-se que a corrida em Melbourne foi atípica e que muito do que vimos ali não teria acontecido com um grid cheio. Talvez nem mesmo o excelente resultado de Felipe Nasr com a Sauber.

Ainda assim, o GP da Malásia, com ou sem chuva, geralmente proporciona boas corridas. Até mesmo para a Force India, que no ano passado teve Nico Hülkenberg largando em sétimo e terminando a prova em quinto lugar; sempre um excelente resultado para uma equipe média.

 © 2015 - AFP
Falando na Sauber, já tem gente achando que a equipe está aprontando alguma com Nasr, após a confirmação de que ele não irá participar do primeiro treino livre, sendo substituído pelo piloto reserva, o italiano Raffaele Marciello. Esse é o perfil do público brasileiro que acompanha a Fórmula 1. Adora um complô e teorias da conspiração. Quanta besteira!

E aos que já pensam em ensaiar torcida ufanista por causa do resultado do piloto brasileiro na Austrália, muita calma nessa hora. Como disse antes, a corrida foi atípica. E ainda assim, Felipe provavelmente teria terminado em sétimo, caso Kimi Räikkönen e Max Verstappen não tivessem abandonado.

A equipe suíça, depois da dor de cabeça pela qual passou em Melbourne, graças a Giedo van der Garde, só tem a agradecer por terminar com seus dois pilotos na zona de pontuação. Pena que, de acordo com a chefona Monisha Kaltenborn, isso está longe de resultar em novas propostas comerciais para a equipe. Não no curto prazo.

Um comentário :

  1. Bingo, Alexandre! Quando "Alesi não se rendeu e, na curva seguinte, reassumiu o primeiro lugar,
    dando um troco" eu fiquei em pé diante da TV. Foi uma excelente estreia e sua forma de relatar me fez relembrar nitidamente aquela corrida. Parabéns pela matéria!

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