segunda-feira, 27 de abril de 2015

Lella Lombardi: a primeira e única mulher a pontuar na Fórmula 1

Depois de Maria-Teresa de Filippis, nos anos 50, a Fórmula-1 só contaria com a participação de outra mulher 17 anos mais tarde, quando a também italiana Maria Grazia Lombardi, carinhosamente chamada de Lella, tentou se qualificar para o GP da Inglaterra de 1974, sem sucesso. Mas ela deixaria sua marca na história da categoria por um feito ainda maior.

Seu interesse pelo automobilismo surgiu ainda na adolescência, ao ser levada a toda velocidade para o hospital, depois de tomar um soco no rosto e quebrar o nariz durante uma partida de handebol. Após esse episódio, já "contaminada" pelo vírus da velocidade e com o handebol deixado no esquecimento, Lella juntou todas as economias para comprar um Fiat de segunda mão, tirar a licença de motorista e assim dar início à carreira de piloto.

A estréia no automobilismo ocorreu na Fórmula Monza, categoria italiana de monopostos destinada a pilotos iniciantes. No ano seguinte, disputou algumas provas no Campeonato Italiano de Turismo a bordo de um Lancia Fulvia, voltando aos monopostos em 1967, correndo na Fórmula 850 até 1970, quando foi campeã italiana da categoria. Ao mesmo tempo, disputou também algumas provas na Fórmula 3 Italiana, mas sem grandes resultados.

De 1971 a 1973, correu na Fórmula 3 Européia, mas só em 1974, já na Fórmula 5000, é que seu desempenho na pista começou a chamar a atenção. Nesse mesmo ano, tentou participar do GP da Inglaterra de Fórmula 1, mas o fraco desempenho de sua Brabham BT-42 a deixou de fora do grid. Mesmo assim, o quarto lugar na classificação geral da Fórmula 5000 acabaria lhe rendendo bons frutos.

A maior conquista

Em 1975, Lella contou com uma enorme ajuda do conde italiano Vittorio Zanon para bancar sua participação no GP da África do Sul daquele ano, a bordo do March 741 usado um ano antes por Vittorio Brambilla. Largou na 26ª posição, último lugar no grid, e abandonou na 23ª volta, com problemas na alimentação do combustível.

A etapa seguinte, na Espanha, ficou marcada pela tragédia, por conta do acidente com o alemão Rolf Stommelen, que resultou na morte de cinco pessoas (o bombeiro Joaquín Morera Benaches, o fiscal Vasili Gagea, os jornalistas Mario De Roia e Antonio Font Bayarri e o espectador Andrés Ruiz Villanova) e sérios ferimentos no piloto. Com a interrupção da prova na 29ª volta, tendo sido disputados menos de dois terços do percurso total, apenas a metade dos pontos foi considerada válida para o campeonato.

Lella Lombardi no GP da Espanha de 1975, onde terminou em sexto e marcou seu único (meio) ponto na Fórmula 1

Lella, correndo com o March 751, graças a um novo patrocinador, terminou a prova em um excelente sexto lugar, a duas voltas do vencedor, Jochen Mass. E assim, tornou-se a primeira e única mulher a pontuar na Fórmula-1, um título que até hoje permanece em seu nome.

Na classificação geral, Lella terminou a temporada apenas com esse meio pontinho. No restante do campeonato, o que se viu foi uma seqüência de abandonos, tendo apenas um sétimo lugar na Alemanha como melhor resultado. Na última etapa do ano, nos Estados Unidos, a piloto italiana tentou a sorte - e não conseguiu - pela Frank Williams Racing Cars, que naquela época não era nem sombra da Williams que conhecemos hoje.

Em 1976, Lella voltou à March apenas para disputar o GP do Brasil, onde terminou na 14º colocação, sendo logo substituída pelo sueco Ronnie Peterson. Nesse mesmo ano, ela disputaria suas últimas corridas na Fórmula-1, desta vez pela RAM, não se qualificando na Inglaterra e na Alemanha e terminando o GP da Áustria na 12ª posição, pondo um fim à sua participação na categoria.

Nos anos seguintes, Lella participou de diversas provas de turismo, incluindo uma etapa da NASCAR em 1977, no circuito de Daytona, encerrando definitivamente a carreira em 1985, ao ser diagnosticada com câncer. A partir daí, passou a cuidar de sua empresa, a Lella Lombardi Autosport, especializada na preparação de carros para diversas categorias de rally e turismo, até morrer prematuramente, em 3 de março de 1992, a 23 dias de completar 51 anos.

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